Infelizmente na atualidade,
apesar da modernização dos sistemas de gestão e organização das empresas, ainda
existem algumas que não estão prontas para terem um departamento de Recursos
Humanos. Mas como pode isto? Simplesmente pelo fato de que alguns gestores
ainda não se convenceram da real utilidade de um departamento de Recursos
Humanos, principalmente ao ter um psicólogo neste.
O departamento de RH pode ser
alocado em vários espaços dentro do organograma administrativo da empresa: Pode
ser um setor específico, diretamente subordinado ao presidente, e que
supervisione os demais; ou pode ser um dos subsetores do departamento
administrativo, desempenhando atividades importantes para o funcionamento de
uma empresa, variando do recrutamento e seleção, à contração de pessoas, e
treinamentos e desenvolvimento.
Todavia, mesmo estando em lugar
privilegiado da empresa, muitas vezes é um setor que não recebe a devida
valorização, pelo fato de que os lucros gerados por este são, na maioria das vezes,
feitos de maneira indireta, e não dificilmente só são percebidos em longo
prazo.
Muitas vezes, o patrão até parece
se convencer da necessidade de um pessoal especializado para cuidar da área de
Gestão de Pessoas, mas por via de regras não sabe se comportar frente à
existência desta: Contrata pessoas passando por cima da autoridade do psicólogo
gestor do RH, não o consultando e nem seguindo os procedimentos e políticas adotados
pela empresa; Não possui tempo para reunir-se com o diretor da área, para ouvir
seus feedbacks e diagnósticos; Não acata as soluções propostas para os
problemas apontados pelo RH; Não dispõe de verba para investir na área, com
compra de testes psicológicos, organizar um espaço adequado, ou mesmo para
treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores.
Os problemas apontados no
parágrafo anterior são simples exemplos do que ocorre cotidianamente com
empresas que adotaram o modelo do RH com psicólogo, mas que simplesmente não o
escutam. Este problema deve ser apontado para os diretores das empresas que contratam
o psicólogo: Este é um profissional que executa um tipo de trabalho estratégico
e não operacional! Ele possui formação para lidar com o desenvolvimento humano
em seus diferentes espaços e em suas diferentes possibilidades.
Neste sentido, muitas vezes, o
diagnóstico mais terrível e difícil que teremos que dar para uma empresa é o
simples “me desculpe, mas a sua empresa não está preparada para ter um RH com
um psicólogo”, e isso pelo fato de que os empresários, via de regras, na
certeza absoluta de que estão agindo corretamente, e por isso não se importando
com a opinião de terceiros, desprezara totalmente o trabalho do psicólogo no RH
E uma empresa sem um departamento
de RH é como um hospital sem médico, pois o que movimenta uma organização seja
ela qual for, são as pessoas. E para evitar que a sua empresa seja mais uma com
problema nesta área, é que fica o nosso apelo para que senhores, gestores, ouçam
seus psicólogos, e deem condições e liberdades para os mesmos trabalharem.
E cabe a nós psicólogos, termos a
consciência de nosso papel profissional de, muitas vezes dar este tipo de
feedback: é o mesmo caso do princípio psicoterapêutico que diz que “não é
possível ajudar a quem não quer ser ajudado”, o que da mesma maneira ocorre com
algumas empresas, sendo que mesmo manifestando a vontade de ter um departamento
de RH, isso não quer dizer que vá agir como se este existisse. Apesar de
dolorosa, essa é a nossa missão ética, comunicar como está o nível de
desenvolvimento de uma empresa, e às vezes no que se refere ao RH, isso quer
dizer que ainda não é hora de tê-lo.
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Imagem: Extraída do Google Imagens
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Murillo Rodrigues dos Santos: Psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC
Goiás (Brasil), com graduação sanduíche e estágio em terapia sistêmico
relacional de casais e famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile).
Possui aperfeiçoamento profissional pela Brown University (Estados Unidos) e
Fundación Botín (Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de
Goiás (Brasil). Presidente da Rede Goiana de Psicologia.
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