...assim como também não o são
advogados, médicos, juízes, promotores, ou qualquer pessoa que se julgue assim sem ter um título de doutorado! Isso mesmo, doutor não é pronome de
tratamento, é titulação acadêmica, e estas são coisas totalmente diferentes: Em
uma decisão fantástica do Supremo Tribunal Federal, em um caso esdrúxulo onde
um juiz exigia ser chamado de “doutor” pelo porteiro de seu prédio, sendo que o
magistrado teve sua causa indeferida com a mesma alegação do STF, houve o mesmo entendimento – Doutor é
titulação, não pronome.
Apesar de todo o mi mi mi,
principalmente da classe jurídica, alguns usando de um absurdo decreto da época
do Império, que dizia respeito a advogados portuguesas na Corte Brasileira,
fazendo uma interpretação descontextualizada e duvidosa, arrogam-se do direito
de serem chamados por tal. Não! Advogados são advogados, juízes são meritíssimos!
De igual forma se dá com a classe médica: Médicos não tem o direito de serem
chamados de doutores simplesmente por terem feito uma graduação em medicina,
com a residência ou especialização que forem.
Para isso, tenho que esclarecer
algumas coisas - existem dois tipos de Pós Graduação no Brasil:
As pós do tipo Latu Sensu, são
aquelas que o profissional, após ter se graduado, faz para obter o título de
especialista em determinada área do conhecimento, específico de uma profissão.
Ao final delas, cuja carga horária não deve ser inferior a 360 horas, o
estudante pode operar com maior precisão determinado conhecimento de uma área
específica do conhecimento. São especialmente mais voltadas e valorizadas pelo
mercado de trabalho, especificamente por serem mais relacionadas com questões
técnicas.
As pós do tipo Stricto Sensu, que
são divididas em duas: Mestrado e Doutorado. Nestas, o profissional
estará se qualificando, em 2 anos para Mestrado, e 4 para o Doutorado, a
exercer a função de acadêmico, ou seja, um profissional apto para lecionar ou
pesquisar nas universidades. No mestrado,
a pessoa deve defender em um período de 2 anos uma dissertação científica em
alguma área do conhecimento, sendo que após aprovado, se torna apto para dar
aulas em cursos de Graduações(os especialistas também podem dar aulas em
graduações, mas pela Lei 9394/96 uma porcentagem mínima obrigatória deve ser de
docentes Stricto Sensu), e recebe o título de Mestre. No doutorado, após defender uma Tese, com caráter inédito para a
ciência, o profissional recebe o título de doutor e está apto para dar aulas em
Graduações e Pós Graduações.
Ainda existe o chamado Pós-Doutorado, ou Estágio Pós-Doutoral,
mas este não é uma titulação acadêmica, propriamente dita, mas um período em
que o doutor cumpre realizando pesquisas para aperfeiçoar parte de sua Tese ou
mesmo outra ideia de pesquisa. Trata-se deu uma espécie de estágio para
doutores.
Estas diferenciações, por mais
simples que possa ser, parecem ser desconhecidas ou negligenciadas por parte
dos profissionais de psicologia, pois muitos, depois de formados, colocam um “Dr.”
ou “Dra.” na frente de seus nomes em cartões de visitas, nas redes sociais, nos
jalecos profissionais, etc. Mas o que isso tem a ver? Além de ser um possível
sinal de prepotência profissional, fere o CÓDIGO
DE ÉTICA PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA:
"Art. 20: O psicólogo, ao promover
publicamente os seus serviços, por quaisquer meios, individual ou
coletivamente:
a) Informará seu nome completo, o
CRP e o número de registro;
b) Fará referências apenas a
títulos ou qualificações profissionais que possua."
Ou seja, para não incorrer em
falta ética, é melhor observar atentamente a questão das qualificações, e para
ajudar aos profissionais ou psicólogos, listo abaixo as abreviações das
titulações para que não haja confuusão:
Gr.= Graduado (Usado para bacharéis ou bacharelas em psicologia que
ainda não possuem inscrição no conselho)
Psic. ou Psi. =
Psicólogo (Usado para profissionais de psicologia já inscritos no conselho, em
conjunto com o número do CRP e do Registro)
Esp. = Especialista
Ms. = Mestre ou Mestra
Mstdo. ou Mstda. = Mestrando
ou Mestranda
Dr. ou Dra. = Doutor ou
Doutora (Muitas pessoas usam “Drº”, sendo que essa forma é gramaticalmente errada)
Drdo. ou Drda. =
Doutorando ou Doutoranda
Neste sentido amigos, cabe-nos
difundir conhecimento para minimizar práticas nocivas a nossa profissão,
principalmente no que tange ao campo ético, da ostentação de determinadas
titulações não para identificação, mas sim para afirmação de poder sobre
pessoas e grupos. Ou seja, a não ser que você tenha feito um doutorado, você não é doutor!
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Imagem: Extraída do Google Imagem
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Murillo Rodrigues dos Santos, é psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC
Goiás (Brasil), com graduação sanduíche e estágio em Terapia Sistêmico
Relacional pela Universidad Católica del Norte (Chile). Possui aperfeiçoamento
profissional pela Brown University (Estados Unidos) e Fundación Botín
(Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil).
Atualmente é pesquisador pela CAPES/MEC e presidente da Rede Goiana de
Psicologia.
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