sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O que um versículo bíblico pode ensinar sobre arrumar emprego?




Não, este texto não é uma pregação! Ou tentativa de aproximar a qualquer religião com a psicologia. Mas é um daqueles textos que tentam mostrar que existem princípios gerais no universo que podem ser acessados por seres humanos em qualquer cultura, e para isto, me referirei à um texto que, escrito há cerca de 2 mil anos atrás em uma cultura judaica, transcrito para uma cultura grega (a primeira tradução bíblica foi para o grego na “Septuaginta”), posteriormente para a cultura latina (com a versão “latina”) e séculos depois para o português, para ser trazida para nossa cultura ocidental lusófona: Um trecho do livro de Tiago, no Novo Testamento.

Pedis e não recebeis, porque pedis mal...” Tiago 4:3 parte “a”

O texto é bem simples, mas exemplifica uma situação cotidiana para quem trabalha na área de Recursos Humanos e tem a tarefa Recrutar e Selecionar novos trabalhadores: A maioria das pessoas não sabe fazer currículos! Ora, bolas... como assim?

O que era para ser uma tarefa muito simples, na verdade se converte em uma difícil missão: Como apresentar as suas habilidades e características em um pedaço de papel para uma pessoa que não está te vendo? E pior, como fazer tal apresentação ser efetiva? Essas sim, são boas e difíceis questões.

Apesar e não haver uma fórmula única a ser seguida pelas pessoas, pois cada currículo deve expressar de maneira objetiva a individualidade (que em si quer dizer, sujeitos que são singulares, únicos e por isso possuem características que os diferenciam dos demais) de cada pessoa, podemos e devemos nos ater a princípios gerais para a fabricação de um bom currícul, afinal de contas, o currículo nada mais é do que um “pedido formal de emprego”.

Neste sentido, cada currículo revele parte da inteligência do candidato: De que maneira é formatado, se é objetivo, se possui boa gramática, se é bem estruturado, enfim, são questões que podem ser importantes na tarefa de determinar quem fica ou não com uma vaga.

Por isso, resta nos tratar de tais objetivos para que os candidatos aprendam a pedir um emprego de uma maneira mais eficiente:

Objetividade: Este é um dos principais fatores que deve ser considerados na escrita de um currículo, afinal de contas, se você não consegue se comunicar eficientemente bem em uma ou duas páginas, dificilmente o fará em cinco, seis ou dez. Examinadores não querem saber de toda a sua vida acadêmica ou profissional em um currículo, mas querem saber se a pessoa cumpre os pré-requisitos básicos para uma vaga ou se possuem diferenciais em relação aos outros candidatos. Por isso, devemos desmistiticar a ideia de que prolixidade tem a ver com qualidade – Eu mesmo já vi excelentes currículos de uma página somente, e péssimos currículos com 4 páginas. O que deve ser feito neste sentido é tentar controlar a vontade de falar (no caso de digitar), pois não é a quantidade de palavras que vai te fazer surpreender, mas a capacidade de síntese que você tem sobre as suas habilidades. Uma dica para isto? Reveja a formatação do seu currículo! Não é necessário fazer currículo com espaçamento de 3 centímetros entre cada linha, e nem 5 centímetros de margens; Mas atenção! Nunca coloque letras muito pequenas, (recomenda-se tamanho 12 Arial, Times New Roman ou Calibri), afinal você não deve forçar ninguém a ler letras miúdas (ainda mais se o seu examinador foi míope, você corre este risco).

Formalidade: Não tente “forçar a barra” sendo extremamente informal em um currículo, afinal espaços psicológicos devem ser respeitados. Por isso, sempre é de bom tom usar uma linguagem formal, sem regionalismos, neologismos ou coloquialismos. Humor é bom para vida cotidiana, mas deve ser feito na medida em que há espaço e respaldo para isso, na medida em que há liberdade oferecida mutuamente na relação para tal, caso contrário pode ter o efeito de soar “invasivo”. Por isso entenda que um currículo é um documento, e para tanto deve respeitar os limites formais.

Especificidade: Um currículo devem atender aos interesses de uma vaga determinada e não o contrário. Isso quer dizer que, se uma vaga está anunciada para “Assistente Financeiro” o currículo deve ter habilidade e características destacadas para aquela vaga. Digo isto porque, é muito comum receber currículos generalistas, que são os do tipo “atirei como uma metralhadora para o alto e vou dar sorte se matar algum pássaro”, e este são facilmente identificados e percebidos como feitos por pessoas que não possuem nenhum tipo de habilidade específica ou que estão “perdidos” no mercado de trabalho. Currículos que no objetivo possuem “busco oportunidade na área de vendas, secretariado, administrativo, técnico de enfermagem, operador de máquinas pesadas, gandula de futebol” tem menos possibilidade de se destacarem diante de outros do tipo “Busco oportunidade na área de Administração Financerira”. O importante também é que as pessoas busquem formação para as vagas em questão, especializando os currículos para as vagas, pois  algumas EXIGIRÃO experiência específica: Você contrataria alguém para operar uma pessoa do coração se ele fosse um advogado e não um médico? Então porque uma pessoa insiste em acreditar que “qualquer um pode ser vendedor” ou etc? Sempre é possível mudar de trabalho e aprender, ou mesmo ter várias habilidades, mas isso não quer dizer que aperfeiçoar-se e especializar-se seja menos importante.

Enfim, podem haver mais “princípios” importantes na confecção de um currículo, mas este três são de especial importância e, se compreendidos e executados podem representar a diferença entre “pedir da maneira adequada” e “pedir da maneira errada”.

É isso que podemos aprender com um versículo bíblico: A diferença entre aprender a pedir bem, ou fazê-lo de maneira infrutífera. Boa sorte na sua busca!

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Imagem: Extraída do Google Imagens

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Sobre o autor:

Murillo Rodrigues dos Santos, psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC Goiás (Brasil) com graduação sanduíche na Universidad Católica del Norte (Chile). Possui aperfeiçoamento profissional pela Brown University (Estados Unidos) e Fundación Botín (Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Atualmente é pesquisador pela CAPES/MEC e presidente da Rede Goiana de Psicologia.

Sobre a Rede Goiana de Psicologia

A Rede Goiana de Psicologia é uma organização estadual de coolaboração acadêmica e profissional, criada no ano de 2014 com o objetivo de fortalecer a nossa a psicologia enquanto ciência e profissão através de uma série de projetos. Quer saber mais sobre nós? Clique no link "sobre nós" no menu principal.

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