sexta-feira, 13 de março de 2015

Como conseguir um estágio (em Psicologia)




Muito grande é a quantidade de estudantes que, em um período da sua graduação em psicologia, se esforçam (e às vezes quase se desesperam) em busca de um estágio, seja pela simples vontade de começar a ter mais conhecimento prático a respeito de algum tema, ou mesmo seja por conta da necessidade financeira que uma bolsa pode representar para a sua vida pessoal ou formação.

Todavia, o que acontece é que o “mercado de Estágios” tem se tornado cada dia mais concorrido, como fruto da expansão da rede de universidades de psicologia no Brasil e da crise do mercado de trabalho que tem diminuído os pontos de trabalho e, consequentemente de estágio.

Mesmo sem conseguir acompanhar o crescimento do quantitativo de estudantes, a psicologia parece ser um campo em franca no que se refere à vagas de estágio, e isso se deve ao fato de que cada dia mais as empresas estão se preocupando com a qualificação de seu setor de recursos humanos.

Em se tratando de estágio, o que temos observado é que a maior quantidade de vagas disponíveis é na área de Psicologia Organizacional: Estas vagas de estágio ocupam quase em sua totalidade os anúncios das redes sociais e sites de divulgação de vaga, a despeito de vagas onde a prática do estágio, se não é inexistente, é quase nula, que é o caso da psicologia clínica por exemplo.

Mas como o nosso objetivo não é tratar sobre onde estão as vagas de estágio, mas sim como fazer para consegui-las, segue um pequeno passo a passo, que pode esclarecer bastante uma série de dúvidas na tarefa de se diferenciar no momento da conquista da vaga:

Em primeiro lugar, saiba fazer um bom currículo! Parece óbvio este ponto, mas de fato este não é. Já recebi vários currículos de candidatos a vagas de estágio em psicologia que não possuíam o mínimo senso estético, eram totalmente desorganizados e desconectados, além de possuir grandes lacunas no que se refere ao quesito “informação”. O princípio é meio óbvio: Na área de RH por exemplo, como um estagiário de psicologia vai saber analisar um currículo se ao menos este soube fazer um?! Não vou oferecer neste texto um tutorial sobre como fazê-lo, já que já tenho outros textos neste sentido e a internet também está recheada deles.

O segundo ponto é que, geralmente, o estudante não sabe evidenciar a sua experiência e deve aprender a fazer isso: Essa é a parte em que muitos estudantes entram em pânico, pois se esbarram na questão do “eu nunca trabalhei” e de cara concluem um “logo, não tenho experiência”. Que equívoco! Há que se frisar bem que experiência não é necessariamente laboral! Você adquire experiência com tudo na vida, principalmente na universidade: Ligas acadêmicas, atléticas, centros acadêmicos, eventos, formações, etc. E para aprender a evidenciar tal experiência em um currículo, você deve prestar bastante atenção ao terceiro ponto.

Foque na área desejada: Muitos estudantes querem um estágio em Psicologia Organizacional, por exemplo, mas nunca fizeram um curso de formação na área, nunca participaram de um seminário sobre o tema, se contentando somente com a formação oferecida na sala de aula. Eu tenho uma novidade para você que só assiste aula sobre o tema: Você provavelmente deve ter outros 40 colegas que fazem o mesmo! Mas o fato é que, se um dos seus colegas, tiver uma formação com seminários, cursos e palestras no tema, ele com certeza sairá na frente! Este é um dos fatores que pode representar um grande salto no currículo de quem diz “eu não tenho experiência”. Desmistifique isso! O estágio é um momento para aprendizagem, onde os empregadores geralmente preferem pessoas que venham sem os “vícios” de outras empresas para aprender a dinâmica de sua própria organização.

Seja polivalente: Este é outro fator muito importante para quem busca um estágio, pois entre o currículo de um candidato que possui várias formações diferentes, mas que comungem com o objetivo da vaga, sairá na frente. Por exemplo, ao buscar um estágio de Psicologia Organizacional num RH de uma empresa, o candidato que tiver alguma formação em Departamento Pessoal ou em Direito Trabalhista (por mínimas que seja, ou apenas noções sobre os temas) podem sair na frente, simplesmente pelo fato de que tais conhecimentos colaboram para as funções. Não se trata de saber de tudo, mas de ter conhecimento multidisciplinar, o que é importante para desafiar os velhos modelos mecanicistas do século XX, onde a pessoa que batia o martelo era diferente da pessoa que apertava a porca.

Cuide de suas emoções, afinal de contas, mesmo sendo um estagiário, nenhuma empresa gosta de trabalhar com pessoas emocionalmente desequilibradas, e isto se torna evidente nas redes sociais, onde recrutadores e candidatos convivem: Jovens reclamões, histriônicos, não parcimoniosos, exibicionistas e com outros excessos, são facilmente reconhecidos e evitados. Feliz ou infelizmente o mercado busca pessoas otimistas, resilientes e persistentes, e se você não souber nada sobre isso, sairá atrás.

Seja inteligente, e isso não quer dizer necessariamente somente a inteligência cognitiva, mas também emocional, social e cultural: Afinal de contas, é preciso saber transitar com qualidade entre os campos do saber técnico, mas também é preciso saber tratar bem todos os funcionários da empresa, portando-se conforme a situação pede, e também é preciso saber que nem sempre somente uma entrevista irá ajudá-lo, mas que ter um bom network também poderá ser essencial na sua vida. Por isso, seja inteligente em todos os sentidos, domine as teorias, tenha um bom circulo de amigos, tenha boas experiências e referências e com certeza, conseguir um estágio não será difícil para você.

Faça parte de uma Rede, sendo que é nesta que você poderá ter acesso a informações, e isto é extremamente importante para o desenvolvimento profissional. O século XXI é dominado por redes: Redes computacionais, redes sociais (digitais e comunitárias), redes empresariais, redes científicas, etc. Aprendi isso com a experiência de fazer parte de redes de cientistas e de redes profissionais: Isso faz a diferença! E pensando nisto, foi para isso que a Rede Goiana de Psicologia foi criada, para ajudar cada dia mais os psicólogos e estudantes a terem melhores condições de acesso à informações e oportunidades.

Enfim, este conjunto de informações pode ajudar um candidato que se sente um pouco perdido nos processos seletivos para estágio, e quem sabe ser um diferencial na vida e na formação de nossa comunidade. Boa sorte!

Imagem: Extraída do Google Imagens

Sobre o autor:

Murillo Rodrigues dos Santos, é psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC Goiás (Brasil), com graduação sanduíche pela Universidad Católica del Norte (Chile). Possui aperfeiçoamento profissional pela Brown University (Estados Unidos) e pela Fundación Botín (Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Atualmente é pesquisador pela CAPES/MEC e presidente da Rede Goiana de Psicologia.

Sobre a Rede Goiana de Psicologia

A Rede Goiana de Psicologia é uma organização estadual de coolaboração acadêmica e profissional, criada no ano de 2014 com o objetivo de fortalecer a nossa a psicologia enquanto ciência e profissão através de uma série de projetos. Quer saber mais sobre nós? Clique no link "sobre nós" no menu principal.

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