segunda-feira, 2 de março de 2015

Mecanismos de Defesa do Ego




Acredito que uma das melhores elaborações da psicanálise tenha sido no que se refere aos mecanismos de defesa do Ego. Tais mecanismos são modos de operação psíquica que o Ego utiliza/constrói para defender-se de perigos reais ou fictícios. Tem a função de proteger o ego contra elementos como a ansiedade e o desprazer, por exemplo, e são normais a todos os seres humanos, podendo ser utilizados também para defender de forma patológica o narcisismo do sujeito.

Ana Freud (1946/2006), que escreveu uma obra prima sobre o tema, teoriza que tais mecanismos existem pelo “medo” do ego de regredir ao estado inicial de fusão com o ID, na hipótese da falha do Superego na tarefa de reprimir os impulsos.

Mas o objetivo deste texto não é discorrer academicamente sobre o tema, senão fornecer um breve resumo sobre quais são tais mecanismos de defesa:

Repressão: Movimento que o Ego realiza para rebaixar conteúdos dolorosos (sejam ideias, afetos ou desejos) da consciência para o nível inconsciente;

Negação: Consiste na recusa da aceitação da realidade incômoda ao Ego;

Deslocamento: Consiste na transferência de um impulso para outro alvo considerado menos ameaçador;

Racionalização: É um processo pelo qual a pessoa elabora desculpas ou razões lógicas para tentar justificar comportamentos, pensamentos ou sentimentos inaceitáveis;

Compensação: Mecanismo de defesa utilizado para encobrir uma fraqueza através da atribuição de ênfase à outra característica mais desejada ou aceita;

Formação reativa: É um mecanismo que tende a inverter o impulso indesejado, substituindo-o pelo seu oposto. Exemplo: A pessoa “prega” a moralidade extremamente puritana, mas é totalmente entregue às perversões sexuais;

Projeção: Talvez este seja o mais famoso mecanismo de defesa, que é o responsável por atribuir aos outros conteúdos psíquicos que são da própria pessoa a outrem;

Isolamento: Consiste em separar um pensamento, recordação ou afeto de outros associados, em determinado evento/fato, de modo a minar ou fazer com que nenhuma reação emocional ocorra;

Anulação: Busca cancelar ou desfazer uma ação/sentimento indesejado  de forma “simbólica” através de outra;

Introjeção: É o mecanismo responsável por integrar elementos de outro indivíduo a estrutura do Ego;

Regressão: É o mecanismo responsável pro fazer o ego retornar a um estágio anterior de desenvolvimento;

Fixação: Ocorre quando uma pessoa, em seu desenvolvimento, não progride de maneira normal, parando parcialmente em uma fase do desenvolvimento;

Sublimação: É o mecanismo responsável por redirecionar a energia de um impulso para outra atividade socialmente mais aceitável ou desejável;

Supressão: É o bloqueio consciente e voluntário de sentimentos e pensamentos desagradáveis;

Identificação: É o mecanismo responsável por aumentar o valor do ego através da aquisição de características de um sujeito referência (admirado).

Enfim, podem existir outros mecanismos de defesa do Ego, pois como já foi tratado no texto, sé apenas um breve resumo, com objetivo de apenas nomear e informar sobre a existência do mesmo. Aos interessados existem literaturas que podem aprofundar sobre o tema: Freud (1946/2006), Freud (1923/1996) e Hall e Lindzey (1971).

Lembrando também que tal conteúdo faz parte de uma série de construtos teóricos que se fazem sentido quando estão integrados dentro do corpo teórico da psicanálise e que, descontextualizados não refletem o pensamento original dos autores. Ter uma visão global do assunto, por mais que não seja especializada, é um fator que nos ajuda a olhar para tal conteúdo sem a aquisição de preconceitos ou visões distorcidas.

Referências

Freud, A (2006). O Ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre: Artmed.

Freud, S. (1996). O Ego e o Id. Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIX: O Ego, o Id e outros trabalhos (J. Salomão, Trad.). p. 164-167. Rio de Janeiro: Imago.

Hall, C. S., & Lindzey, G. (1971). Teorias da personalidade (L. Bretones, Trad.). São Paulo: Herder.

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Imagem: Extraída do Google Imagens

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Sobre o autor:

Murillo Rodrigues dos Santos, é psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC Goiás (Brasil), com formação sanduíche e estágio em terapia sistêmico relacional de casais e famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile). Possui aperfeiçoamento profissional pela Brown University (Estados Unidos) e Fundación Botín (Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Atualmente é pesquisador pela CAPES/MEC e presidente da Rede Goiana de Psicologia.

Sobre a Rede Goiana de Psicologia

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