domingo, 5 de abril de 2015

Em tempos de crise, como não se tornar um funcionário “dispensável”




As previsões não estão nada animadoras para a economia brasileira para o ano de 2015, sendo que está sendo esperado o fechamento de cerca de 1 milhão e 200 mil vagas de emprego formais, somente para este período. Deixando os méritos políticos à parte, resta saber o que fazer para garantir o seu emprego.

Nem sempre é fácil conseguir um emprego, e também não é fácil manter um, principalmente em época de recessão econômica. Por isso, é bom que o trabalhador mantenha-se atento ao movimento do mercado e posicione-se da melhor maneira possível para não passar apuros.

Uma das "receitas" para as empresas sobreviverem, em época de crise, é a contenção de gastos, e esta pode ser feita de várias maneiras, mas geralmente uma das mais comuns é a do “enxugamento da folha de pagamento”. Para não ser surpreendido como um dos funcionários da lista de demissões, existem algumas coisas que podem facilitar a sua não permanência nelas, e aqui passo a listar algumas dicas de como não ser um “funcionário dispensável”:

Em primeiro lugar, seja um funcionário com excelente conhecimento de sua área ou função: Sim, quanto maior for a sua capacidade de contribuir para a manutenção de uma organização, com seus conhecimentos, menor será a chance de ser mandado embora. Por isso que na maioria das vezes, os funcionários novatos são dispensados antes do que os veteranos, pois subentende-se que os segundos terão mais experiência do que os primeiros. Mas nem sempre é somente a experiência que conta neste quesito, pois a formação também é muito importante – Se você tiver em seu currículo bons cursos, souber manejar uma quantidade maior ou mais específica de ferramentas, ou mesmo souber fazer algo de maneira mais eficiente e mais econômica, provavelmente você terá seu lugar mais estável na equipe. É o que chamamos de ser polivalente (a capacidade de exercer várias funções ou lidar com várias ferramentas), e poder encaixar-se em vários lugares.

Em segundo lugar, há que se entender que não é somente o conhecimento técnico que conta, mas a sua habilidade de trabalhar bem em equipe: Sim, se você for um funcionário que tem bom relacionamento com os demais, com seus patrões, com os clientes, e não for adepto de práticas “problemáticas” como a fofoca, não for uma pessoa “estourada” (impaciente), ou com problemas de relacionamento, será mais fácil mantê-lo na equipe, pelo simples fato de que é mais fácil, em época de crise, lidar com pessoas com mais resistência a problemas emocionais e possíveis conflitos em equipe.

O terceiro ponto importante é relacionado aos horários – o funcionário que lida bem com a pontualidade e com horas extras pode sobreviver melhor à crise: Se entre dois funcionários, um chega constantemente atrasado, sai antes do horário e nunca está pronto para fazer horas extras em momento de necessidade da empresa, ele será preterido ao colega que faz o oposto. Uma das coisas melhor avaliadas pelo empregador é a disponibilidade do empregado de fazer horas extras quando necessário, socorrer a organização em casos de urgência e a pontualidade. Logo, se você não tem uma boa organização com o tempo da empresa, é melhor rever esse ponto.

Um dos pontos mais importantes é também um ponto relacionado com a inteligência emocional do funcionário, que é a sua capacidade de ser compreensivo e disposto a colaborar: Muitos funcionários não se importam, não querem saber, ou não fazem questão de entender as limitações e as crises da organização em que se encontram. Estes são os típicos funcionários que fazem a separação “Eu x Empresa” e não conseguem entender que eles fazem parte da mesma, e que por isso devem auxiliar enquanto possível na tomada de decisões e com ações para sair da crise. É o típico funcionário que não economiza materiais (mesmo diante dos pedidos da gerência); que ameaça entrar na justiça se o salário atrasar, mesmo se não houver tal cogitação (o salário é “sagrado”, sabemos, mas a atitude beligerante de tais funcionários é ofensiva em qualquer situação); é o funcionário que lança boatos na empresa, para fazer pressão sobre a gerência sobre qualquer tema em época de crise. O funcionário que sabe se enxergar como parte da crise e, consequentemente como parte da solução, é um dos mais valorizados em época de crise. É o funcionário que ajuda a amenizar as tensões ao invés de criá-las. Não estamos falando de abrir mão de nenhum direito, muito pelo contrário, estamos falando de trabalhar em conjunto para garanti-los, mas sem gerar mais conflitos em um ambiente que já está sobrecarregado.

E por último, um funcionário bem quisto em qualquer tempo de crise é otimista, mas ao mesmo tempo realista! Sim aquele que não precisa ser um “puxa saco” (na linguagem comum), mas que sabe colocar a equipe sempre “pra cima”. É o que diante do problema não cria outros, mas vê possibilidades. Não reclama, mas pontua as dificuldades e tenta encontrar novas maneiras de encarar os desafios. Nenhuma empresa gosta de trabalhar com pessoas negativistas, murmuradores, ou que não sabem extrair possibilidades das dificuldades.

Ao pensar todos estes fatores, sim, ainda é possível ser demitido por algum motivo, pois a permanência em um emprego não depende de uma receita, como dependeria um bolo de chocolate, mas de um conjunto de condições particulares que são dão de diferentes maneiras em diferentes lugares. Estas condições, porém, podem ser melhoradas se observados tais pontos colocados neste texto. Se, todavia, por “N” motivos não der certo, levante, sacuda a poeira, calce seus sapatos, pegue seu currículo e nunca desista, afinal de contas, você é brasileiro, e diz o ditado, que brasileiro não desiste nunca.

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Imagem: Extraída do Google Imagens

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Sobre o autor:

Murillo Rodrigues dos Santos, é psicólogo (CRP 09/9447) pela PUC Goiás (Brasil) com graduação sanduíche e formação em Terapia Sistêmico-Relacional de Casais e Famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile). Possui aperfeiçoamento profissional pela Brown University (Estados Unidos) e pela Fundación Botín (Espanha). Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Atualmente é pesquisador pela CAPES/MEC e presidente da Rede Goiana de Psicologia.

Sobre a Rede Goiana de Psicologia

A Rede Goiana de Psicologia é uma organização estadual de coolaboração acadêmica e profissional, criada no ano de 2014 com o objetivo de fortalecer a nossa a psicologia enquanto ciência e profissão através de uma série de projetos. Quer saber mais sobre nós? Clique no link "sobre nós" no menu principal.

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